sexta-feira, 25 de julho de 2008

O Telegrama

O Juvenal tava desempregado há meses. Com a resistência que só os
brasileiros tem, o Juvenal foi tentar mais um emprego em mais uma
entrevista. Ao chegar, o entrevistador lhe perguntou:
- Qual foi seu último salário?
- "Salário mínimo", respondeu Juvenal.
- Pois se o Sr. For contratado ganhará 10 mil dólares por mês!
- Jura?
- Que carro o Sr. Tem?
- Na verdade, agora eu só tenho um carrinho pra vender pipoca na rua e um
carrinho de mão!
- Pois se o senhor trabalhar conosco ganhará um Audi para você e uma Bmw
para sua esposa! Tudo zero!
- Jura?
- E lhe digo mais. . . O emprego é quase seu. Só não lhe confirmo agora porque
tenho que falar com meu gerente. Se até amanhã
(sexta-feira) à meia-noite o senhor Não receber um telegrama nosso, pode vir trabalhar na segunda-feira.
Juvenal saiu do escritório radiante. Agora era só esperar até a meia-noite
da sexta e rezar para que não aparecesse nenhum telegrama.
Sexta-feira mais feliz não poderia haver. E Juvenal reuniu a família e
contou as boas novas.
Convocou o bairro todo para uma churrascada comemorativa e muita música.
Sexta de tarde já tinha um barril de choop aberto. As 9 horas da noite a festa fervia.
A banda tocava, o povo dançava, a bebida rolava solta. Dez horas, e a mulher
de Juvenal aflita, achava tudo um exagero.
A vizinha gostosa, interesseira, já se jogava pra perto do Juvenal.
E a banda tocava!
Onze horas, Juvenal já era o rei do bairro.
Gastaria horrores para o bairro encher a pança. Tudo por conta do primeiro salário. E a mulher resignada, meio aflita, meio alegre, meio assustada.
Onze horas e cinqüenta e cinco minutos. . .
Vira na esquina buzinando feito louco uma motoca amarela. . .
Era do Correio!
A festa parou!
A banda calou!
A tuba engasgou!
Um bêbado arrotou!
Meu Deus. Quem pagaria a conta da festa?
- Coitado do Juvenal!
Jogaram água na churrasqueira!
O chopp esquentou!
A mulher do Juvenal desmaiou!
A motoca parou!
- Senhor Juvenal Batista Romano Barbieri?
- Si, sim, so, sou eu. . .
A multidão não resistiu. . .
-Oooohhhhh!
- Telegrama para o senhor. . .
Juvenal não acreditava. . .
Pegou o telegrama, com os olhos cheios d´água, ergueu a cabeça e olhou para
todos.
Silêncio total.
Respirou fundo e abriu o telegrama.
Uma lágrima rolou, molhando o telegrama. .
Olhou de novo para o povo e a consternação era geral.
Tirou o telegrama do envelope, abriu e começou a ler.
O povo em silêncio aguardava a notícia e se perguntava.
- E agora? Quem vai pagar essa festa toda?
Juvenal recomeçou a ler, levantou os olhos e olhou mais uma vez para o povo
que o encarava. . .
Então, Juvenal abriu um largo sorriso, deu um berro triunfal e começou a
gritar eufórico . .
- Mamãe morreeeeuuu! Mamãe Morreeeeuuu!

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